sábado, 29 de outubro de 2011

Truão em Trinque


Uns quatro ou cinco anos atrás eu fiz esse texto para ser a letra de uma música e revirando a casa o encontrei e resolvi colocá-lo aqui. Quatro ou cinco anos... putz, o mundo dá voltas...

"O meu castelo abriga muitos bufões
 pois é o templo de descanso dessa idade média
 hoje eu vou tomar meu chá com dois torrões,
 mas minha amiga vai tomar no amargo
 porque ela tem diabetes
 a mesma que assola a família inteira.
 Não importa mais se sou poeta ou vinking
 se sendo alegre sou truão em trinque.
 O rei e a rainha brigaram lá em casa
 pra decidir quem fica com a coroa
 o meu amigo tinha pena e tinta, agora tem asas
 leio um poema dele enquanto o sino soa
 lá na catedral.
 Passo sempre perto de um canal
 cheio de peixes e água limpa
 e quando eu vejo as trevas líquidas
 percebo que sou mesmo um truão em trinque.
 Tenho uma prima que espera príncipe encantado
 enquanto meu povo reza por um salvador
 conheci uma velha bruxa com seu feiticeiro aposentado
 é lindo vê-la dando todo dia
 sua poção do amor.
 O artesão constemente fica preocupado
 ele vê indo embora suas moedas de cobre
 o vigarista manda seu mensageiro mais rápido
 ir comprar do outro lado do mundo seu título de nobre
 enquanto perto dele a fome aperta na barriga do pobre.
 Não importa mais se sou poeta ou vinking
 se sendo alegre sou mesmo um truão em trinque.
 Não sei quais caminhos trilhar
 minha dama tá me esperando lá em casa.
 Acho que vou voltar pro meu lar"
 


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Poesia sem título Nº2

Há partes que em segundos se partem
Há dias que se partem em minutos
Há gente que deixam partes sem partir
Há tolos que desistem da partida
Mas quando vi tua parte ao partir
virei uma parte clara e escura do teu quarto
Deitado no canto da tua partitura
vi algumas partes do teu vazio, o meu espaço
No vácuo vi estrelas indo e vindo, partir
tentando explodir a cada passo
E quanto mais eu tento medir tua alma no compasso
mais eu deixo a minha parte ir
Quanto partes terão esta tarde?
Quantas noites farão parte do meu fardo?
Qual é o tamanho da tua vaidade?
Quando foi que virei uma parte escura do teu quarto?
Sabe-se lá qual é o partido do teu ser
ou em quantas partes vi o alvorecer
A melhor parte é ver, sempre ver
do que tentaste fugir, mas não viu partir
Parte de mim é uma parte escura do teu quarto
tão claro o que é estar ao teu lado  

L dos Santos

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Coração filha da p...

"Que inferno! Que calor desumano... porque que eu fui pegar esse busú lotado? Aliás, porque que eu fui me meter pra fazer esse curso nesse horário?". Enquanto o calor subia à medida que iam entrando mais pessoas, a percepção de Davi ia fluindo como uma represa recém-aberta: o baleiro de voz cantante, a mulher dormindo de boca aberta, o mané que tentava passar onde não havia espaço, os óculos escuros vazios da moça, a criança que chorava lá no fundo, e outras mil coisas que aconteciam ao mesmo tempo e (por maldição!) era o único que tava se dando conta de todas essas coisas.
Depois do engarrafamento mostruoso-de-todo-dia o motorista do ônibus corria mais e se arriscava na mesma proporção. Mais pessoas desciam e pouquíssimas subiam, ainda bem! Davi, agora sentado, era atacado por aqueles pensamentos sobre Larissa, lembrando dos detalhes daquele sonho idiota em que os dois travavam uma conversa sobre o trabalho a ser feito em grupo e sabe-se lá mais o quê. Nada fazia sentido, inclusive lembrar desse sonho, mas tudo fazia sentido ao lembrar daquele rosto. "Porra, porque que eu fui ficar ligado justo nessa menina?", pensou.
- Essas balinhas baratinhas, por apenas um real o pacote... - falou o baleiro num momento de distração de Davi. "O que eu queria mesmo é falar tudo de uma vez só e me livrar logo dessa m... desse sentimento". 
O cara já não sabia mais o que fazer. Começou só com uma pontada depois de Larissa dar um abraço de despedida, e aí o rosto não saiu da cabeça, os detalhes da conversa não foram embora e bum! Agora não conseguia nem ser direito ainda que os atos praticamente continuassem os mesmos.
Mas de repente, como um punhado de maisena atinge tua cabeça no carnaval, uma garota se sentou desequilibrando e quaaaaase caindo por cima de Davi. Saindo do estupor ele olhou e ouviu um pedido de desculpas do sorriso mais belo que já tinha visto. Um olhar cruzado por milésimos de segundo, talvez segundos, minutos, ou será a eternidade? Uma conversa descontraída, uma apresentação e um papo que não tinha nem pé nem cabeça, passando por trabalho, faculdade, cinema e a marcação de um novo encontro. Quaaaaase perdeu o ponto e na pressa desceu do busú, nem pegou o telefone dela.
- QUE BURRO! - disse dando um tapa de mão aberta na testa e uma mulher ficou olhando pra ele como se ele fosse doido. E era mesmo. O herói ficou sem mocinha e sem final feliz no fim do filme. "Que mané que eu sou". 
Larissa? "Ah é mesmo, Larissa. Ah deixa pra lá". Ele tava curado, mas só tinha vontade de dar um tiro na cabeça. Mal sabia o herói que o coração já tinha levado uma bala do cupido, e que este faria questão de mostrar pra ele que a mocinha tinha feito o favor de adicioná-lo na rede social (e só veria de noite). O encontro tava salvo, ele não tava mais ligado em Larissa, mas... que coração filha da p...!


L dos Santos

Poesia sem título nº1


Como havia dito antes, aos poucos vocês verão do que se trata (ou não trata) esse blog. Certo é que quando o concebi, só estava pensando em esvaziar o turbilhão que eu chamo de mente... Essa poesia não é necessariamente a primeira, mas na falta de um título e por ser a primeira a ser postada...


Poesia sem título Nº1

Um dia lá no rio
uma alma se perdeu
a vontade de ficar
a tarde que correu

Um dia lá no rio
um riso se partiu
foi lá pelo ar
foi lá pelo frio

Um dia lá no rio
a névoa adensou
a florença tão pálida
da lua que voou

Um dia lá no rio
um corpo lá surgiu
das linhas circulares
a mulher que ninguém viu

O banho n'água gelada
aquecia mio coração gentil
se louco estaria lá no rio
seria vil mia sina selada
amargura de mio destino doce
de paixão por mia amada

Um dia lá no rio
uma alma se perdeu
mia vontade de ficar
mio barco que correu...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Como fazer a 1ª postagem?

Como realizar uma primeira postagem em um blog? Aliás como criar uma postagem em um blog? Pra mim, uma postagem não pode ser grande. Muita gente não tem tempo pra ler isso. Aliás nem eu, que neste momento estou almoçando, engolindo, digitando e pensando no trabalho. 
Uma postagem deve ser um tiro fatal, rápido, sem dor. Mas não tô aqui pra matar ninguém e nem pra colocar palavras complicadas ou português bem-dizido. Tô aqui pra nada, só apresentando o meu blog e pensando se ficaria melhor ter colocado um papel de parede de cerva ao invés de um café brega. 
Aliás, essa postagem já tá ficando muito grande, e aos poucos vocês vão saber o que é que eu tô (ou não tô) querendo com esse blog. INTÉ